sábado, 24 de agosto de 2013

ESCRITURA



Noninha está andando.

Isto significa que, a partir de agora, a vida está à deriva. Ela determinará destinos. E ninguém conseguirá barrar seus propósitos.

Tudo bem que eu e todos nós vamos buscar dizer, mas ela escutará com suas próprias pernas. Melhor que seja assim, até para que ela seja melhor.

Vamos escolher por ela tantas e tantos, mas será ela que optará fazer uso, consumir, comer, usufruir, seguir, fazer, estudar... Ela escolherá a nossa escolha, ou não.

Ela aprenderá conosco um monte e um monte ela reinterpretará e, se quisermos, aprenderemos novos.

Desde o primeiro olhar ela se mostra. Tudo nela passa pelos seus olhos, mais do que expressivos.

Ela já veio com um jeito muito particular de fitar pessoas e objetos. Lé diz que parece roceira, porque ela não aceita ir para o colo de qualquer pessoa.

Acho que ela se manterá assim.

Alguém aí já deve estar enfarado e até incomodado com quanto me aproprio de Noninha. Alguém já disse ser quase insano.

Como se eu falasse mesmo é de Liz, essa pessoinha, minha neta.

Tranquilizo-os e os agradeço pela preocupação. No entanto, me frustrarei muitíssimo se optarem apenas por esta possibilidade, ainda que não esteja descartada.

Eu seria mesmo louco se não a considerasse.

Em minha lucidez duvidosa mora outra intenção. Sempre que convido Noninha à meu verbo, o faço como à um ícone despessoalizado. Eu construí diálogos com ela antes mesmo de ela nascer para tentar dizer-me a partir dela.

Não o faço com o neném, que cresce na barriga de Pretinha, porque não se trata. Quando ele chegar em mim, devo adquirir um outro verbo e o con(m)ju(l)garei.

Noninha está andando.

Isto significa que, a partir de agora, a VIDA seguirá à deriva. Ela continuará determinando destinos.

Ninguém escreve.


Até breve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário