quarta-feira, 19 de junho de 2013

FAÍSCA


Tenho prá mim que, quando os meninos DASPUC engendraram o MPL eles não tinham a exata medida em que poderiam estar fuçando. Gosto muito de uma frase de Bernard Shaw, o dramaturgo inglês: “O sensato acomoda-se. O insensato avança. Logo, todo progresso deve-se ao insensato”.

Eles provavelmente acreditavam colher alguns poucos interessados em dar uma volta com eles por parte da cidade gritando palavras de ordem e contra, especificamente, o reajuste das passagens de ônibus. Sucesso seria se desse alguma foto na Folha.

Da mesma forma os governantes que decidiram pela medida, nem imaginavam a extensão de mais uma de seus cotidianos equívocos e foram para Paris em viagem.

Ocorre que os meninos DASPUC, insensatos, acenderam a centelha mágica e imprevisível da História. Ao MPL infiltraram-se inúmeras bocas caladas e agora roucas empunhando seus cartazes, explicitando suas demandas.

Não é possível saber exatamente o que está acontecendo, porque ainda está por acontecer e ninguém pode precisar o que virá. Não acredito, porque prefiro não acreditar, que este algo adormeça. E também sofro com a possibilidade de, com a extensão que isto possa vir a ter, o Estado regulador voltar à cena com poderes discricionários para vigiar e punir.

Não, de novo não.

Ontem a presidente, em discurso em evento sobre os marcos regulatórios da mineração, disse que devemos escutar os apelos das ruas contra os descasos,  a corrupção e a destinação dos investimentos públicos. Agora?

Os políticos profissionais estão assustados com seus representados, provavelmente inconformados pelo fato de seus eleitores estarem atrapalhando a sua prática representativa.

Tragicômica a saída, fortemente escoltada, ontem à noite, de senador vitalício e ex-presidente casual pelas portas dos fundos do Congresso Nacional. Eles têm horror de povo.

Analistas de plantão sugerem aos meninos DASPUC que eles retomem a liderança do movimento e enderecem adequada e equilibradamente as suas reivindicações dentro dos escaninhos da ordem estabelecida.

Colegas, os meninos DASPUC, só fizeram a arte de empurrar a primeira pecinha de um dominó. Pedir que eles barrem a quinta pecinha é não entender nada de física. A força com que a pedrinha vem é descomunal.

Para hoje estão dizendo que no Castelão... Adoro a vida por isto, toda hora vem algo de simbólico a nos acometer. Castelão é ótimo! E ainda mais em Fortaleza! Enfim, dizem que há uma expectativa de que na hora da execução do Hino Nacional Brasileiro todos os torcedores, nenhum dos meninos DASPUC e em uma cidade que já ocorreu a redução das tarifas de ônibus, fique de costas.

Seguramente o protesto não será uma afronta a nós mesmos.

De lá ouviremos todos, muitos com profunda emoção:

“Ah, eu sou brasileiro,
Com muito orgulho
E muito amor...”



Até breve.

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