quinta-feira, 17 de novembro de 2011

COMPAIXÃO

Atingimos sete bilhões de pessoas vivas sobre a Terra. Vivas, em termos, pois grande parte não goza de padrões mínimos de dignidade. Um bilhão e meio de pessoas sobrevivem abaixo da linha da miséria absoluta.
Em 2010 um terremoto atingiu o Haiti e matou cerca de 222 mil pessoas, feriu mais de 300 mil e deixou 1,5 milhão de desabrigados. Parte do Chade, da Nigéria e da Somália vivenciaram enchentes devastadoras e os seus efeitos como cólera, meningite, sarampo e desnutrição.
Nos últimos anos mais e mais imigrantes têm enfrentado longas viagens para fugir da violência, da perseguição ou da pobreza, em busca de uma vida mais segura, mas acabam detidos. Condições de vida terríveis, assédio da polícia, ameaças de ataques xenofóbicos e falta de acesso à saúde ainda definem a vida dessas pessoas vulneráveis.
Em 2010, mais de 47 mil imigrantes sem documentação e requerentes de asilo foram presos na fronteira da Grécia com a Turquia. Centros de detenção ficaram lotados, com condições desumanas. Muitos requerentes de asilo na França não recebem visto de residência ou têm seus pedidos de asilo negados. Estima-se que de um a dois milhões de afegãos sem documentação estejam vivendo no Irã.
Cerca de 5,7 milhões de pessoas vivem com o vírus HIV na África do Sul, equivalente a 17% da população mundial de portadores do vírus.
Estas informações foram colhidas do Relatório Anual 2010 da ONG Médicos sem Fronteiras. Elas não concluem o quadro de horror com o qual todos nós deveríamos estar preocupados. Há, no entanto, muitas outras misérias e desastres que nos deixam perplexos.
Há tragédias humanas de menor extensão e volumosas muito próximas de cada um de nós. Nos nossos hospitais públicos, nas filas de transporte urbano, nos sertões, jequitinhonhas, aglomerados.
Não são essas imensas ou pequenas desgraças e suas vítimas que nos ocupam. De qualquer forma é bom saber delas para que a nossa satisfação seja comedida e renove nossa demanda por humanidades.
É bom saber delas para enfrentarmos nossas diminutas mazelas, dando-lhes a exata medida. É bom saber delas para que em nossos momentos de felicidade não deixemos de considerá-las, mesmo que isso possa vir a perturbar o nosso espírito.
Pois é imperiosa a tarefa de humanizarmo-nos.

Até breve.
PS.> Rosilene, obrigado pela palavra.

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