quinta-feira, 13 de maio de 2021

RECAÍDA II

 


Perdoem-me. Hoje não publico historinhas e nem alvoreceres deslumbrantes em minha morada. Se posso sugerir, pulem esta página.

“Melhor morrer de vodca do que de tédio”. A frase esteve publicada como uma das ‘citações favoritas’ na página do FB do estudante Humberto Moura Fonseca, de 23 anos, que morreu, há cinco anos, depois de consumir de 25 a 30 doses de vodca durante uma festa da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita (Unesp).

A frase em questão foi cunhada pelo poeta russo Vladimir Maiakovski. Está na página de Humberto logo acima de outra, "A ciência sem religião é coxa, a religião sem ciência é cega", do alemão Albert Einstein.

...

O mundo não está para calouros. Os veteranos não suportam a ideia de que algo de novo sobrevenha. Em todas as dimensões da Vida ela se mostra coxa e cega. O tédio, não é o tédio derivado do ócio ou da desesperança, ele deriva da absoluta impossibilidade de furar a barreira imposta pela avalanche disforme da modernidade.

Estamos sendo dragados por “monstros” imperceptíveis que ocupam sorrateira e cruelmente nosso cotidiano, vitimando valores, crenças, conceitos, nossas criações artísticas, nossa cultura. Nossa Vida.

Nossa realidade não tem nada de rala. Ela é cada vez mais densa, brutal e banal. Não há nela nada que signifique e aí reside a sua densidade. Nada é e tudo é, portanto tudo é nada.

Encontrar-se sempre foi a ventura humana. E hoje, aventura de blade runners, ensandecidos a procura de um autor. Nos falta autoridade para que possamos encontrar nossa alteridade.

Até Deus perdeu sua Forma.

A Verdade Imoral, dita ontem por dois deslustres representantes da escolha coletiva, em território em que se debate o que nos mata às centenas de milhares, não constará dos anais.

Faz de conta que não aconteceu.

Entre o coma etílico e o tédio, opto por ilusões nada tóxicas.

Morrerei de Amor.


Até breve.


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