quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

CAROÇO




Pelo menos, duas hipóteses:

PRIMEIRA

O atual mandatário é um aborto da História recente da política brasileira. A maior parte dos eleitores surfou a onda do basta a um conjunto de mazelas de diferentes virulências.

Agora, ungido, mostra quem é: desqualificado para ocupar um cargo de tamanha envergadura. Despreparado psicológica, social, intelectual e politicamente.

Não tem o equilíbrio necessário para suportar o espectro de pressões que a posição sofre e nem é capaz de compreender as ações a serem empreendidas para equacionar e tratar o foco originário das tensões.

Não tem traquejo social que a exposição institucional exige. Alguns membros da família contribuem para alimentar uma percepção extremamente negativa do seu ambiente mais íntimo.

Não tem a menor capacidade para absorver, compreender, analisar, debater e agir no imbricado e hipercomplexo ambiente de decisões de curto, médio e longo prazos.

Não tem partido. É um franco atirador em mais de trinta anos de vida pública.

Portanto, ele é um engodo que resultará em perdas expressivas para o desenvolvimento do país.

SEGUNDA

É um estadista com visão aguçada de longo prazo e tem um projeto com arquitetura de poder para permanecer na posição e conseguir realizar um conjunto de mudanças estruturais pelas quais a maioria da sociedade espera.

Constrói, em torno de si, um bunker no Palácio com a nomeação somente de membros das Forças Armadas para as funções de Governo. O “núcleo duro” de poder sinaliza a que veio. Interna e externamente.

Delega plenos poderes a experts da esfera econômica, capazes de produzir mudanças disruptivas, com boa aceitação no mercado e determinados, para tal, a enfrentar as mazelas da política comezinha.

Age desarticulado da esfera politico-partidária, mas busca afirmar-se em “nichos” de poder não institucionais tanto no alto quanto no baixo clero.  

Suas crenças religiosas possibilitam a celebração de grandes acordos pastorais de largo alcance nas periferias, objetivando garantir a massa de aprovação popular que necessita para disputar e vencer eleições.

Constrói diariamente episódios bombásticos derivados de questiúnculas para criar uma nuvem de fumaça em torno do que verdadeiramente interessa e, assim, desviar a atenção dos controladores da opinião pública, mídia e analistas de conjuntura.

Expõe, às vísceras, as instituições democráticas para justificar suas práticas messiânicas.

Despreza a cultura na medida em que ela é sempre o maior empecilho para os propósitos em que, lideranças como Bolsonaro, se pautam.


Seguinte: este post não ultrapassa a mais uma provocação do nosso editor de Política, que escreve, publica e depois vai pro terreiro chupar jabuticabas.



Até breve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário