sexta-feira, 5 de outubro de 2018

INSIGHT




Impossível não relativizar quando se está em outras paragens. Nossa referência é colocada em cheque quando expostos à outras paradigmas.

Bom viajar também e/ou, sobretudo, por isto. Entender que não há uma única configuração para o modus vivendi. É sim possível múltiplas possibilidades na arquitetura para operar a vida.

Sempre que saio do país me pego com esta questão óbvia, mas contundente. Nós brasileiros estamos vitimados pela nossa letargia e nossa história trágica. Corremos o risco de reeditá-la independentemente da configuração do resultado das urnas.

Uma ou outra opção para “derrotar aquele que eu odeio mais”, já nos orienta há décadas. E sabemos o desfecho: a inércia ou retrocesso.

A Holanda, de onde vim (Amsterdam e cidades circunvizinhas) ontem para Portugal (Porto, Lisboa e arredores), depois de seis ou sete séculos aponta na direção através de seus pintores consagrados pela era de ouro.

Uma sala no Museu Hermitage sugere o modelo secular de governança, tanto no espaço público quanto no privado.

As cerca de quarenta telas afixadas nas quatro paredes, algumas com 15 a 20 m², sugerem o modelo que pode ter sustentado o êxito holandês.

Simples: as decisões eram e ainda são em colegiado. Não há lideranças singulares, todo o processo é fundado na pluralidade.

Outro fator, rico, é que o lugar da mulher é preservado como para a administração das pessoas, por razões óbvias.

Na saída há uma sala na qual os visitantes podem tirar uma foto. Ao revela-la a fotografia que surge retrata os visitantes fotografados em conjunto com outros que já passaram por ali, em poses semelhantes às das telas registradas pelos pintores.

Belíssima sugestão.

Fiz a visita atento às explicações em áudio e, em dado momento, escandalizei-me: os holandeses embarcaram em esquadras marítimas em direção à África. Ali capturaram quinhentos mil escravos transportando-os para Recife. Lá desenvolveram inúmeros campos de lavoura cuja produção voltava à Europa alimentando a próspera e imensa riqueza dos comerciantes holandeses.

Pois é.

Sempre tudo muito óbvio. E continuamos a nos escandalizar.


Até breve.

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