domingo, 21 de maio de 2017

KIKO



Nenhuma teoria ou ciência dá conta de tamanha bandalha. Mesmo guardando as estratégias mais do que perversas entre os grupos que se articulam não é possível crer em qualquer expediente moderador.

Não há entre os contendores nenhum puro. Todos, indiscriminadamente todos, pustulam. O organismo institucional é uma metástase que cotidianamente vaza. E, a cada vez, com maior carnicão.

Seguramente nunca estivemos tão distantes de um desfecho que possa sugerir superação. Qualquer resultado das pendências jurídicas em curso é aterrorizante. Ninguém será condenado sem condenar a tantos outros. Inclusive aos próprios juízes.

Não há nenhum puro.

Mera denúncia vazia. Denúncia vazia é a retomada do imóvel pelo locador, sem necessidade de justificativa, após o término do prazo de locação inicialmente fixado em contrato.

Devolvam-me o meu mundo. O que farei sem a minha morada?

Postei este texto ontem no FB. É um fragmento de TUMOR editado aqui no dasletra.

Experimentei ao longo dos últimos dias sentimentos contraditórios. Vacilei-me em diferentes expectativas e tensões. Surpreendi-me com a magnitude, indignei-me com o escárnio. Esperei acontecimentos.

Ausentei-me do noticiário, facilitado pelo cuidar dos netos, passarinhos, coiseiras do sítio. Meu coração e cérebro ainda assim tomado pela inquietude e pelo torpor.

Todos sabemos que não vivemos tempos fáceis. Todos estamos conscientes de estarmos diante de uma mudança de era, que deixamos para traz uma era de mudanças. Todos sabemos que a vida já não é mais do jeito que teria sido.

O que nos trouxe até aqui?

Negligência, desinteresse, desesperança, irresponsabilidade, ingenuidade, intenção. Afinal quanto do que está posto, criamos? Quanto de nós está no quadro emoldurado? Por omissão, inércia, egoísmo, descompromisso?

A democracia clama por envolvimento, por legitimidade, por lisura e responsabilidade. Tudo do que vier é nosso, sobretudo. Não há um “eles” sobre o qual recaia a culpa pelo desastre.

O desastre é integralmente nosso.

Escolhi Collor. Escolhi FHC. Escolhi Lula, escolhi Dilma, escolhi Aécio. Escolhi tudo o que está aí. Confortável é a certeza, compartilhada, de que não fui o único. O que está aí é muito maior do que eu possa mudar.

Talvez isto nos garanta lógica futura. Talvez isto compense e explique nossa passividade. Talvez esconda nossa omissão semi-deliberada.  Nossa alienação. Nossa fraqueza.

Talvez.

Talvez tudo mude e, por pura sorte, me caiba.



Até breve. 

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