sábado, 26 de novembro de 2016

VIVER



Eu mesmo vinha achando que bastava. De repente, não. Há muito a legar ainda. E voltei de Quattro, como em O Regresso. Com gosto de Vida na boca. São passos iniciais, mas puxa, como tem sido bom conviver com essas pessoas redescobertas ou descobertas nos últimos meses.

Simultaneamente, correm os fatos.

No âmbito da minha militância profissional, boas novas simbólicas. É que a principal marca de um país enxovalhado busca redimir-se. Depois da publicação de um pedido de desculpas formal à nação – o que será feito assim que delações e acordo de leniência estiverem assinados – a Odebrecht parte para cronograma de quatro estágios a ser cumprido em, no máximo, quatro anos.

Os passos incluem forte compliance (incluindo redesenho da holding), movimento para mostrar à sociedade a relevância social do Grupo, resgate da credibilidade e reposicionamento da marca. A Odebrecht sairá da maior crise de sua história – econômica, ética e moral – com tamanho bem menor, mas… saudável.

Não está prevista troca do nome da empresa, o que jamais poderia mesmo fazer.

Por outro lado, nada assusta no território da puslítica, mesmo a declaração (em plenário) do presidente da Câmara de que o parlamento deve se defender da pressão popular e aprovar a lobotomia social. “Esqueçam de vez, os nossos crimes”, traduzindo aquilo que o infeliz quer dizer, não sem tiques nervosos que o denunciam.

Não há nada que se possa mais dizer. Brasília dá náuseas. Não a cidade, claro.

Tempos vultuosos, o presente. Na madrugada de hoje foi-se (foice) um pedaço icônico da História do Século XX: Fidel.

Enquanto proclamava o triunfo da revolução em 1959, várias pombas voaram a seu redor e uma delas pousou docemente em seu ombro. As pessoas entenderam como um sinal sobrenatural. O mito marcou a vida de Fidel.

Ele gostava do “nascimento das ideias”, fascinava também as massas, as mulheres, os políticos e os artistas.

Fidel desafiou dez presidentes dos Estados Unidos e governou com mão de ferro, derrotou conspirações apoiadas pelo Império Americano e enviou 386.000 concidadãos para lutar em Angola, Etiópia, Congo, Argélia e Síria.

Ao longo de 40 anos (1958-2000) escapou de 634 tentativas de assassinato. “Tenho um colete moral, é forte. Esse tem me protegido sempre”, disse aos jornalistas enquanto mostrava o peito durante uma viagem aos Estados Unidos em 1979.

Também se propôs a fazer de Cuba uma “potência médica”, quando tinha somente 3 mil médicos no país. Hoje tem cerca de 88 mil especialistas, um para cada 640 habitantes.

Nem sempre o Quixote caribenho venceu. Após um esforço titânico, não conseguiu, como tinha proposto, produzir 10 milhões de toneladas de açúcar em 1970, mas conseguiu que Cuba derrotasse o analfabetismo em apenas um ano (1961).

Fidel dizia não apreciar o culto à personalidade. Não há estátuas, mas sua imagem se multiplicou na ilha.

“Em breve serei como todos os outros. A vez chega para todos”. A vez de Fidel Castro foi nesta madrugada, aos noventa anos de idade.

E eu não deveria ter trazido nada disso à post, porque há um fato reluzente que está por vir no dia de hoje: Dona Ismênia comemorará seus noventa anos de Vida. Eu estarei presente em grupo seleto de convivas.

É o que importa.


Até breve.

OBS.: Para Odebrecht e Fidel apoiei-me no Estadão.

Um comentário:

  1. a vida é assim assim, tudo está por vir.
    e que venham bons ventos
    liz

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