terça-feira, 13 de novembro de 2012

ATOA




Estou em dúvida, ou será com dúvida? Prefiro, então, duvidar.

É que a Procuradoria da União, a partir de ação do Ministério Público Federal, pede que as novas cédulas de Real sejam produzidas, em até 120 dias, sem a expressão “Deus seja louvado”. Pede ainda que haja uma multa de R$1,00 por dia de descumprimento.

"A manutenção da expressão 'Deus seja louvado' [...] configura uma predileção pelas religiões adoradoras de Deus como divindade suprema, fato que, sem dúvida, impede a coexistência em condições igualitárias de todas as religiões cultuadas em solo brasileiro", afirma trecho da ação, assinada pelo procurador Jefferson Aparecido Dias.

"Imaginemos a cédula de real com as seguintes expressões: 'Alá seja louvado', 'Buda seja louvado', 'Salve Oxossi', 'Salve Lord Ganesha', 'Deus não existe'. Com certeza haveria agitação na sociedade brasileira em razão do constrangimento sofrido pelos cidadãos crentes em Deus", segue o texto.

Por sua vez o cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo: "Questiono por que se deveria tirar a referência a Deus nas notas de real. Qual seria o problema se as notas continuassem com essa alusão a Deus? Para quem não crê em Deus, ter ou não ter essa referência não deveria fazer diferença. E, para quem crê em Deus, isso significa algo. E os que creem em Deus também pagam impostos e são a maior parte da população brasileira".

Ultimamente tem sido muito difícil ser Deus, eu acho. Já não existem fiéis como antigamente, essa é a verdade. Ter Deus na nota não traz nenhum problema, para quem não crê em Deus não faz nenhuma diferença, significa algo quem crê em Deus, e Deus instrui para que todos paguem seus impostos? Eu, hein?

Gente, tá faltando juízo nos homens sobre a terra. Jesuscristíssimo, assim tá demais!

Penso que poderíamos combinar o seguinte. Na parte da frente seria impressa a Nota propriamente dita, que é sempre ao portador. No verso viriam as louvações de todas as manifestações cléricas e incléricas do povo. Colocaria em ordem alfabética (da língua portuguesa do Brasil) para não termos grandes problemas de importância dessa ou daquela manifestação.

Deixa o povo sonhar, Ministério. A Nota, como Deus, são delírios circulantes.

Lá no Império, ainda que decadente e inundado, a coisa é mais dissimulada, aliás, como tudo: “IN GOD WE TRUST”. Num falam em qual, fica ao gosto do freguês.

Por mim, eu iria direto ao ponto. Importância por importância, ridículo por ridículo, venal por venal, impróprio por impróprio, leviano por leviano, eu colocaria no verso do vil papel a mais frágil e impotente inscrição do Homem:

“DEUS NÃO EXISTE”


Até breve.

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