terça-feira, 20 de dezembro de 2011

AMIGOS

Das expressões do Ser, a inveja acomete-me. De todas as invejas aquela que mais me corroi todos os cantos do espírito é de alguém que escreve algo que eu deveria já ter escrito. Fico indignado quando alguém rouba das minhas entranhas algo de meu. Principalmente quando é um escritorzinho qualquer.
Outra é a pretensão. Estou quase certo que a mensagem de Natal que Lydinha mandou foi só para mim porque ela sabe que Oscar Wilde (1854-1900) inspirou-se em mim para escrever: “AMIGOS”.
Outra ainda é o plágio. Peço licença à Lydinha para fazer um Desejo e Reparação. Vou compartilhar nas nuvens com todos que batem à minha porta.
AMIGOS
Oscar Wilde

Escolho os meus amigos não pela pele
nem outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito ou os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.

Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e  angústias
e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.

Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só ombro ou colo.
Quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que  fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e a outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto
e velhos para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos,
bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei de mim.
Que 'normalidade' é uma ilusão imbecil e estéril.”

Num é?

Até breve.

3 comentários:

  1. é verdadade, amigo, tio, padrinho.... linda mensagem ..não poderia ter palavras mais sábias...viver é muito perigoso, ainda mais sem ser louco!
    sua louca afilhada..

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  2. Outro dominio da existencia, num outro estagio, a falta tem presenca.

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