sábado, 25 de dezembro de 2021

MEDO




Não sei. Se bem que... Há ainda um caetanear?

Pois é, o “ainda” soa dúbio, como para dizer que ele está entre nós, mais (e não “mas”) sem respostas e, pasmo, sem medo.

No Roda Viva, morno ou audaz, no prelúdio da agora sim maturidade plena? Às vésperas dos oitenta, não “causa” ou “causa” pela enunciação de uma falta de “causa”, embora se mostre esperançoso em “um futuro”.

Duas horas de entrevista com respostas ou pela ausência delas, chochas, quase ocas, desradicais, tronchas. Acho que ele está caetaneando, pelo menos a mim, não sei.

Caetano diz que não tem mais medo como quando jovem. Reside aqui um ponto relevante na sua fala. O que vai embora dele junto com o medo? A aproximação do inexorável poupa-lhe do desconforto que nos constitui finitos? Esse trecho da entrevista é de uma profundidade abissal.

“Eu adoro a Sônia Braga, mas essas coisas de reencarnação, vida depois, eu não curto...”

Talvez resida aqui Caetano. No direito a não mais dizer, por já ter dito. Vou vê-lo em abril em BH no show para o qual diz não saber como será.

Assisti-lo agora é como experimentar a similitude em outro da existência em uma época, a nossa época. E Caetano é, ainda, um dos principais ícones de nosso tempo sabendo, como poucos, letrar e embalar o nosso medo.

O medo de não ser, de não ter passado, o medo de ter perdido o tempo, a Vida.

Toda ela.


Até breve.

 

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