quarta-feira, 4 de agosto de 2021

POBREMAS

 


Amanheci vivo.

Este problema tem ocorrido comigo há anos. Invariavelmente sou desafiado a cumprir agenda, previamente construída pelos problemas trazidos de dias anteriores ou até, pasmem, com propostas de inventar outros. Nem sempre mais interessantes.

Hoje, por exemplo. O que faço com o fato de ter amanhecido e vivo?

Há agravantes na medida em que os anos têm passado, já que a hipótese de qualquer hora destas eu nem durma vivo, quanto mais amanhecer nesta condição. Claro, deverá acontecer comigo também.

Juro que estou meio enfarado de amanhecer com a mesma percepção de dias anteriores em relação a problemas que, embora me ocupem, objetivamente eu não tenho a menor condição de equacioná-los na extensão que se apresentam e nem na potência de resolvê-los.

Tipo a loucura que tomou conta do entorno. Todo dia que amanheço me deparo com uma mais escatológica, histriônica não fosse trágica. Palhaços coringos não faltam. E a claque fica cada dia que amanheço, daí o problema, mais insana.

Aqui, neste veículo de dois bilhões de usuários no planeta, então...

E, o pior, livre, solto, amplo e restrito aos humores dos censores sabe-se lá quem.

A Humanidade, a cada dia amplia, a oportunidade de se tornar mais tantan (acho que é assim mesmo que escreve a patologia). Ícones inspiradores e celebres não faltam, é difícil até de escolhê-los já que a profusão com que aparecem é um trem de doido.

Eu mesmo, às vezes, me pego em vibe transloucada e, como na medida em que os dias vão passando eu amanheço mais enfarado, sartofora de veio tóxico.

Nas duas semanas passadas tomei doses de antídotos que me imunizam, espero, por alguns dias vindouros: netomicina na veia.

Em família, perguntei à Lelê o que ela gostaria de ser quando crescer:

- Pilota de avião, vovô...

- E você, Totô?

- Pensador.

- Hein?!!! O que faz um pensador?

- Estou pensando, vovô...

Isto tem me livrado de amanhecer com a vontade de ir para as ruas empunhando mastro com bandeira.

Roxa, claro.


Até breve.


Nenhum comentário:

Postar um comentário