terça-feira, 22 de junho de 2021

QUINHENTOS

 

"Quando a delinquência é envolvida por uma pandemia renegada por quem está no poder, chegamos a esse meio milhão de mortos reveladores, ao fim e ao cabo, de nosso descaso por nós mesmos. Escrevo como perdedor já que faço questão de honrar as minhas perdas. É assim que o meu coração se solidariza com o dos sobreviventes das 500 mil vítimas. Um coração e uma alma que se envergonham de testemunhar um vírus sabotado pela onipotência e pelo egoísmo de um presidente que ficará na história como um traidor das promessas feitas solenemente ao povo que o elegeu." (Roberto DaMatta)



Tenho dito e escrito que deveríamos (todos) nos considerar privilegiados. Especialmente, por uma razão específica. Somente daqui 979 anos a Humanidade cruzará uma década, um centenário, um milênio. Simultaneamente. Claro, se seres humanos ainda houver, ou mesmo, o que se fizer deles.

A Vida nos lança à uma única certeza e a infinitas escolhas. A certeza é universal (no futuro todos nós morreremos). As escolhas, em que pesem as circunstâncias, são individuais.

A Humanidade atingiu sua “maioridade legal” em 2021, vinte e um anos após o instante zero do terceiro milênio. Para memorá-la fomos vitimados universalmente por algo simbólico: a inexorável e iminente abreviação da certeza.

Estudos dão conta que, no Brasil, aqueles que perdemos para a COVID, abreviaram em 18 anos (em média) a sua partida. São cálculos críveis: média da idade das pessoas que evoluíram para óbito (tétrica expressão da medicina) versus a expectativa estimada de vida.

A mim não interessa a certeza, como poemou Manoel de Barros; “A morte é indestrutível.”. Pelo menos até aqui.

Restam-me as escolhas e esta é a questão que está posta.

O que tenho escolhido e quanto o que escolho tem contribuído para que décadas, centenários, milênios guardem de mim uma insignificante, porém decisiva manifestação orientada para o Bem, O Bom e o Justo?

Em que pesem todas as circunstâncias...


Até breve.


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