quinta-feira, 12 de março de 2020

EXAUSTÃO




O futuro não é mais como costumava ser.

Ousava-se perscrutar dez anos, nesse momento é imponderável o que poderá advir nos próximos dez dias ou, quem sabe até, dez horas.

Claro que estou falando no plano macro. O mundo está em pré-convulsão e não é pelas guerras em curso, mas por outros vetores dramáticos: covid-19 e petróleo.

Um ato terrorista hoje seria considerado como mais um assassinato ali naquela esquina. Não emplacaria como a primeira manchete.

A geopolítica expõe o mundo à potencialidade de um evento histórico de proporções e implicações imponderáveis.

Nossa crise não precisava desta para já ser merecedora de cuidados especiais. Ontem, em reunião com senadores e deputados sobre os efeitos na economia, o Ministro disse que dependendo do porte virulento poderemos amargar crescimento negativo do PIB entre 2,0 a 5,0%.

Acho que foi Nelson Rodrigues quem disse que o mineiro só é solidário no câncer. É passada a horas de nós de Minas estendermos este princípio para os demais estados. A crise em gestação é muito mais expressiva do que aquela, de dez minutos atrás, exigia.

Não se trata mais de empreendermos medidas de aplicação com efeitos em longo prazo e de demorado processamento político. O Estado Brasileiro precisa mobilizar um Comitê de Crise para enfrentar o que está iminente.

As variáveis da equação mudaram drasticamente nos últimos dias. Não se trata mais de fazer planos e propostas para o país crescer, mas agir agora para o país sobreviver (literalmente).

Não é uma marolinha como considerou em 2008 o mandatário de plantão e nem é uma crise inexpressiva como quer o atual.

Para fazer face à marolinha o governo de então mandraquiou créditos a-perder-de-vista e desoneração fiscal e a bomba explodiu na mão da pobre mulher pobre, além, claro, do maior saque de recursos públicos como nunca na história deste país.

O governo (?) atual tem a grande e definitiva chance de mostrar a que veio.  Se o alto escalão do governo estava dormindo só quatro horas por noite é provável que diante do que está posto ele fique totalmente sem dormir.

Há competência técnica instalada e há habilidade política para solidarizar-se neste câncer. O que talvez falte neste momento seja: um alfinete desinflador de egos.

Não são muitos os atores necessários para a articulação de um pacto realista e imprescindível para empreender ações terapêuticas provavelmente necessárias para debelar ou mitigar os danos prováveis do covid-19 e suas devastadoras consequências econômicas.

A marolinha somada à roubalheira homérica devastou a economia brasileira e levou às ruas 15 milhões de desempregados e outros milhões de desalentados. O covid-19 poderá ceifar vidas humanas, sabem-se lá quantas.

Que nossas lideranças construam uma mesa redonda sem arestas.

É hora de trocar o “T” pelo “D” em SOLI_ÁRIO.


Até breve.



Um comentário:

  1. Acho que não tinha escrito nenhum post com tamanha aderência ao título do Blog.

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