sexta-feira, 2 de agosto de 2019

PROTEÍNA





Ontem estive em um jantar oferecido por queridos amigos para acolher a visita da filha, bailarina na Europa que, para fazer seus meios de sobrevivência, baila também como garçonete em restaurantes.

A maravilhosa menina oferece ainda suas curvas, sua beleza atípica, sua simpatia e leveza como modelo físico em escolas de belas artes.

E faz turnês com diferentes academias, realizando um sonho (deste sempre) em ser, essencialmente, o que é: bailarina.

Lá pelas tantas, inevitável e infelizmente, pinta à mesa um assunto desnutriente: puslítica.

E para reduzir a uma síntese fico com a fala de um amigo, que sempre fala pouco, mas quando fala, diz. Para fazer um contraponto ao que estava rolando no cardápio do desbate (assim mesmo como está escrito) ele jogou: “O que está aí é menos pior”.

Não processei de imediato, vim fazê-lo somente hoje cedo. Há quanto tempo estamos expostos a escolher o PIOR, ainda que menos?

De quebra, recebo de um querido amigo, via WhatsApp, um post do Stephen Kanitz publicado na sua página do Facebook: Por que não temos empresários de esquerda?

Nada me escandaliza mais do que a redução do que se passa à simplória compreensão de que há um embate entre esquerda e direita. Pobre destas direções que de tanto se colocarem estéreis, para não dizer histéricas, se ensandecem em suas convicções e fazem com que a força resultante nos empurre para trás.

Além da vilania, do câncer em metástase que pustula há décadas em todos os entes públicos de todas as instâncias dos poderes institucionais, some a incompetência, a omissão e o conluio de empresários que se locupletam para fazerem suas organizações magnânimas. Nada mais torpe!

E isso não tem cor, nem ideologia, nem direção, nem esquerda, nem direita nem em nenhuma palavra que tenha como sufixo ISMO, tipo: capitalismo, socialismo, comunismo, bases arcaicas, velhas, que deveriam estar sendo enterradas inclusive em academias as mais brilhosas.

O que há são interesses espúrios e isto parece constituir a natureza humana. O nome que se dá às “coisas” vêm depois dos atos.

Minha paixão se veste em outro lugar. O que me encanta é ver, no pequeno, o empresariamento de um desejo.

O que me encanta é essa singela bailarina que nos disse ontem, cheia de orgulho e verdade genuína, que quer independer-se sem afastar-se jamais de seu sonho de infância.

O que mais interessa?

Do jantar servido ontem, além de pratos e vinhos deliciosos, fui nutrido por algo que falta e, como falta: VALOR.



Até breve.

2 comentários:

  1. Eh, meu amigo Agulhô. Nesse mundinho de escolhas do pior, mesmo que menos (como você diz em sua postagem), somos todos bailarinos. Mas como dizia Juscelino Kubitscheck: "Mesmo quando não existem razões de confiar, mesmo quando sobram os motivos para descrer- a esperança tudo enfrenta e tudo leva de vencida". Parabéns pela bela reflexão. Abraço do amigo e bailarino desengonçado Júlio.

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  2. Grande Julinho, sempre solidário e atento. Nessa desengonça a gente se equilibra. Bração, amigo.

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