sexta-feira, 7 de setembro de 2018

INTERTINOS




Quem esfaqueou? Quem foi esfaqueado?

À margem especulações de qualquer natureza das motivações e da extensão - se lesão corporal, tentativa de assassinato ou atentado - permito-me refletir sobre o episódio ocorrido um dia antes que comemoramos nossa independência.

O que encerra o ato? A quem se destina?

Vejo cada um de nós fusionado tanto naquele que atua quanto naquele que é afetado pelo ato. Tornamo-nos todos beligerantes e vitimas de nossa beligerância. Nunca fomos tão agressivos, violentos, bestiais, desumanos.

Tudo bem, uns mais outros menos, mas todos têm agravado o universo em que vivemos. Seja pela ação, seja por omissão, seja por incitação, seja por conveniência, seja por que razão for, estamos sujeitos e submissos à nossa parcela mais do que abominável enquanto seres supostamente racionais.

São incontáveis as evidências de nosso desastre estampadas pelo cotidiano, desgraças que se incorporam à paisagem e que não nos causam porque se sucedem com tal frequência que, bem nos refizemos de um golpe, sucede outro maior ou mais daninho.

Paradoxalmente evoluímos em anos o que demorávamos séculos para descobrir em qualquer campo da ciência e da tecnologia. No campo das relações mais próximas, contudo, temos fracassado sistemática e profundamente.

Hoje, não deveríamos louvar nossa independência. Essa festa é caduca. Arcaico colocar nossas forças bélicas em parada, nossas crianças repetindo valores de superfície. Nossos governantes e suas vestes pudicas. Nossos palanques demoníacos.

Deveríamos nos convidar à interdependência, face ao tempo presente. Urge que façamos um exame de consciência: quanto tenho contribuído para que esse estado de violência se torne agudo?

Parece que não, mas reflita. Você se encontrará em algum ato, seja como agressor ou como vítima.

A faca transita.


Até breve! 
(Se houver amanhã...)

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