sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

SÍNTESE




Bastasse a perversa distribuição da riqueza, mas não, somos capazes de produzir mais iniquidade.

Deixo de lado causa-efeito e penso que o tempo presente nos vitima com algo mais triste, ainda.

O flagelo das instituições que demarcam a sociedade. Escola, templo, caserna, palácio, família.

Em todos os países do mundo a educação tem sofrido pesadas críticas: não temos sido capazes de reproduzir conhecimento que garanta melhores tempos.

Afora arroubos fanáticos, a religião não tem conseguido ser porto seguro aos desesperados e nem freio aos excessos da besta.

Os exércitos continuam estando a serviço de comandos déspotas.

Os palácios abrigam a escória da vilania.

O lar deforma-se e não acoberta caminhos, saídas e nem esperanças objetivas.

A resultante a mim agonia.

Pudesse eu ficar livre, absolutamente, deste pensar, desta consciência. Alien e reduzir-me a um ser que opera a vida. Trabalha, come, bebe, relaciona-se (restritamente, quase solitário), vê o que passa, distrai-se. Ri.

Não tem, contudo, um segundo sequer que o espírito não determine o humor. Cáustico, a ponto de não ter cura o gástrico. O tubo de linguagem queima como fogo, ali onde moram as palavras.

Não raras as vezes que, antes de me sentar diante de laptops, venho com propostas de lenitivos. Deve existir algo de bom pelaí para o qual devemos voltar nosso olhar.

Só se for para os tempos vividos até os dez. Morresse na época e perguntado na porta da eternidade: e, aí companheiro, viver valeu? Jamais eu entenderia porque me tiraram do paraíso. Daí a passagem: Vinde à mim as criancinhas, porque delas é o reino dos céus.

Depois da infância não há humanidade.

Morrendo agora e perguntado na porta da eternidade: e aí, companheiro, viver valeu? Porque nos legaram tamanho inferno, quem sabe o porvir não seja para compreender as razões de tamanha aberração.

Em feverê tem carná,
Tenho um fusca e um violão,
Tenho uma nega chamada Teresa...
Sou um menino de mentalidade mediana (pois é)

Mas assim mesmo, feliz da vida
Pois eu não devo nada a ninguém
(pois é) pois eu sou feliz, muito feliz comigo mesmo
Sambaby, sambaby..

Pai afasta de mim este cálice.


Até breve.

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