domingo, 30 de outubro de 2011

REPARO

Perguntei à Dona Ismênia, ela não havia completado ainda seus oitenta anos de idade, qual o acontecimento mais importante da sua vida. Dona Ismênia não precisou muito tempo e nem expressou dúvida: “quando eu me formei para professora.” Ela tem três filhas famosas: Leusa, nas letras literárias, Ligia no ambiente das Leis e Lizete, caçadora de cabeças para o mundo corporativo.
Dona Ismênia hoje insiste em viver em Campinas, sozinha, em um apartamento imenso que ela mesmo cuida, próximo ao de Lígia. Ela faz questão de ter autonomia, espaço e ter sua própria vida. Leusa mora em São Paulo. Nós fomos privilegiados pela permanência de Lizete em BH.
Liz, como gostamos de chamá-la, é casada com Paulo Rogério, o Roger, um figuraço. Eles têm uma filha, Alice, que fará, dia 10, dezessete anos. Está agora em intercâmbio nas Oropa e fazendo balé nos arredores de Paris. Um Luxo!
Alice tinha uns dois anos de idade, quando nos deixou uma marca: Isquitio era como ela se referia ao nosso sítio em Santa Luzia. Há outra, talvez ela estivesse com quatro anos de idade: nós tínhamos um cachorro e Alice fugia do animal. Certa vez, seu pai perguntou a ela: “Desde quando você tem medo de cachorro, Alice?”. “Desde novembro”, respondeu.
Nós temos um mundo de amigos. Esse mundo é formado por diferentes países com membros de compusturas e desnaturezas diversas. A gente, então, gravita por vários desses países de tempos em tempos. Há países mais freqüentados, outros menos. Há países que deixamos de freqüentar por diferentes razões, há alguns que não retornaremos e há outros tantos que virão e que alargarão ainda o nosso dinâmico mundo de amigos.
Liz faz parte do mesmo país onde estão aqueles amigos citados no post anterior. Num tem jeito de estarmos em um país sem sentirmos a presença de todos os seus membros, mesmo que ausentes. É natural que nem sempre seja possível cada país de amigos integrar-se pleno por diferentes razões, inclusive descomjunturas da vida. Assim, Liz e Roger, embora não puderam estar conosco, fizeram integralmente parte do último final de semana em Ajuda. Mal sabem eles de quantas intrigas e diz-que-me-disse foram personagens. Eles estavam lá, só não foram “à praia” conosco.
Em todos os meus aniversários recebo de Liz algo especial. Há uma escultura de coruja de ferro fundido vazado em cujo interior é fixada uma vela. Desde que a ganhei está dependurada no patamar da escada que dá acesso à suíte principal da casa em Santa Luzia. Tenho uma caixinha para colocar os controles remotos do som e da TV. Tenho um boné que sei, exatamente, o que ela quis dizer ao presentear-me com ele.
O caderno “daqueles bonitos... com papel reciclado... coisa chic”, para eu contar histórias, foi parar nas nuvens.
Até breve.

PS: Nesse país há ainda outro casal, Lidynha e Tatá, mas é assunto para outro post.

4 comentários:

  1. Isso mesmo, morzim! Temos muitos países e é muito bom podermos estar em cada um deles. Ainda que deixemos de visitar alguns, mas sabemos que estão lá! E é só viajar um pouquinho que estamos todos juntos de novo! Liz e Roger estarão em qualquer viagem que fizermos.
    Tatá e Lidinha também.Bjs.Clara.

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  2. emoção ..é que vc consegue tirar da gente gente !!não dá pra dizer mais nada !!liz nome que só os irmãos me chamam !!amo vcs tudinho!!
    vou mostrar pra Dona ismenia.

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  3. Nossa, que delícia você ter dedicado suas letras pra essa família Lima Neves de Araujo!!! Obrigada pelo carinho. Adorei as lembranças da Alice -- voces são verdadeiros amigos e cuidaram da Liz por essa beagá. Sempre ficarei comovida por esse carinho. Aprendi com minha amiga Hilda Hilst: "beija meus filhos, adoça minha boca." Da Leusa Araujo

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  4. Pois bem , amigo Agulho que, de repente, já esta entre nós... ontem, tão logo li "seu reparo", a emoção tomou conta desta que ora lhe escreve e, embora tenha registrado um comentário, singelo, mas recheado de carinho, agradecia, como a caçula lá de casa que, aprendeu com os poetas e escrevi algo parecido, mas, (rsss) não consegui enviá-lo,e agora tento novamente, lembrando ( agora o reparo) que também aprendi aquele ditado, mas foi com a minha vó e madrinha, Dona Brasilina. E hoje, já advirto, e quem beija nossa mãe...? por certo, embala nossa alma..Obrigada por esse carinho e por nos embalar sonhos maravilhosos (sem reparo), Lígia Cristina

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