quinta-feira, 13 de outubro de 2011

POLIR

Ontem ouvi no rádio um repórter dizer que, em um mundo de individualidades, nada mais individual do que um blog. Ontem, também, alguém reclamou comigo que eu tenho postado menos e com muita irregularidade. Comentei que estou fazendo uma reforma em nosso apartamento e, como outras, é um caos.
Ele, então, sugeriu que eu escrevesse sobre a obra: o que eu imaginava fazer e que não fiz ou fiz diferente, ou que eu não sonhava fazer e acabei tendo que fazer já que “uma coisa puxa a outra”, senão isso não vai combinar com aquilo e para fazer isto eu tenho que demolir essa ou aquela parede, ou mudar essas tomadas daqui para ali, trocar este lustre por arandelas, tirar as arandelas e colocar spots no teto, quem sabe um abajur de pé.
Eu acabei os arremates em gesso, mas tem que colocar uma placa ali, aquela parede não ficou na cor que eu vi no catálogo de tintas, vou comprar outra. Aproveita e traz parafusos para fixar os painéis. Ah, traz também bucha 6, 7 e 8... Fita isolante...
Não acho que ficou legal a nossa mesa de centro, não combina com as cadeiras que eu já ia mesmo trocar, então melhor tirar logo o móvel de TV, porque aí eu levo tudo pro sítio e, depois, quando eu for mexer lá eu vejo o que faço.
Minha filha me disse que o meu cabelo estava mais grisalho e eu bati as mãos sobre a cabeça e espantei o pó. Estão laqueando as portas internas e estávamos na fase de lixas: cem, cento e dez, cento e vinte e cento e trinta. Depois vem o fundo da madeira, lixa, massa, fundo de novo, massa nos buraquinhos, lixa, massa, lixa e afinal tinta, massa, lixa, tinta e última demão.  Além do pó o barulho do compressor, que só perde para a máquina de polir piso.
Rasparam o piso de mármore da sala de estar, cinco dias de poeira, melado de pó de pedra com água, e um barulho da máquina de pedir para vizinho vir reclamar dizendo que vai chamar o síndico e pedir providências que se enquadrem dentro do estatuto do prédio.
Combinei que eles iriam começar as oito e eles chegaram às 10:30 trazendo a máquina de polir e dois enquadrados de peças e acessórios. Saíram logo em seguida dizendo que iriam tomar um café. Voltaram às 11:15 e foram trocar de roupa. Um ritual para colocar as botas. Enrolaram um plástico nos pés e calçaram as botas. 11:35, não convém começar porque, em vinte e cinco minutos, é hora do almoço, não vale a pena. Só mesmo às 13:30 é que começaram os motivos para os vizinhos reclamarem.
Dois rapazes, um que polia e outro que puxava a água com um rodo, colocava dentro de uma pá e de lá para um balde. No quinto dia vieram seis pessoas durante a manhã e uma sétima à tarde. O encarregado veio acelerar a turma porque era o dia aprazado para a entrega do serviço e no final rolaria o checoso. Nos quatro dias de serviço, dois chegaram às 09:00/09:30, almoço de 12:00 às 13:00 e saída às quatro. Comentei com o encarregado para quem eu passei o cheque de pagamento que a turma era muito devagar. Ele disse: “Patrão, tá mais fácil achar ouro 21 do que mão de obra.” Acho que eu já tinha ouvido essa história em algum outro lugar.
Bacana é o dia em que vem a zeladora do apartamento. Neusa fica igual barata-tonta. Num tem figura de linguagem mais expressiva para a situação. A mulher fica sem lugar, com seus paninhos de tirar poeiras.
Nada mais particular, incomum, individual do que uma reforma, especialmente com você dentro do imóvel. Só a amolação é que é universal.
Segunda-feira vêem colocar os armários da suíte. Prometeram chegar às oito.
Passado o caos prometo textos mais interessantes.
Até breve.

3 comentários:

  1. Lozinho,
    estou pensando em fazer umas mudanças lá em casa! Já sei quem vou chamar para Mestre de Obras!! :)

    ResponderExcluir
  2. Nada como nossos desafios diários para nos lembrar de cada detalhe e nos impulsionar no desafio de vencê-los! Força aí ...porque já já você começa uma nova reforma..rrrsrsrr bjos

    ResponderExcluir
  3. Achei o assunto apropriado para muitos da familia , pois Valesca , Vladimir , Bernardo , Camila , Vani ,eu ( Anonimo - Gil) todos passaram por estes desconfortos , mas nem sempre nos previniram o quanto é perigoso fazer uma reforma em casa estando na casa .
    Estou partindo novamente para esta ficção .
    Mas tento trocar com a Vani a reforma por uma viagem ao " PERU " , posso contar com voces????

    ResponderExcluir