quinta-feira, 6 de junho de 2019

STALO





Alguém me disse que Análise Selvagem é uma avaliação sem fundamento. Pois que muito bem, vamos à selvageria desbragada.

Saindo da II Grande Guerra todo o Mundo tratou de se reerguer. Duas vias: Capitalismo (as forças econômicas do mercado determinando os rumos em uma sociedade com livre iniciativa) ou Comunismo (poder central do Estado comandando todos os destinos, inclusive os individuais).

O Brasil saia da ditadura Vargas, deixada para que a história o julgasse, lançado a uma republiqueta.

 “Vamos fazer cinquenta anos em cinco”, dizia Juscelino em campanha presidencial de 1955, dez anos depois da hecatombe nuclear.

O presidente Bossa Nova procurou no mapa onde era o centro do país e ali ergueu o distrito. Brasília. Eita! Só quem veio pela primeira vez como inquilino do palácio abdicou-se levando sua vassourinha e não lhe perguntem. Fi-lo porque qui-lo!

Na encruzilhada histórica o Brasil, como em tudo, miscigenou-se. Assumiu uma posição Frankenstein: misto de Capitalismo com Governo Central. Para inibir a peste comunista comedora de criancinhas, os militares puseram ordem no bordel e acenderam a luz em um programa de desenvolvimento nacional centrado no nacionalismo.

58, 62 e 70, com ruas canarinhas pintadas em todo o país,foram combustíveis para que 90 milhões em ação fizessem do Brasil o país do futuro. Bora nós, duas décadas de estradas, comunicações, instalações fabris, puta desenvolvimento.

Só que não, dada as trevas. Eu estava lá e vivi. Mordaça pura.

Entramos pelos anos 80 e aí deu água.Geramos a década perdida e, nos porões, ardia a vilania. O desenvolvimento trouxe capitais e com eles, nas entranhas da redentora, arquitetava-se a estrutura mais que perversa constituída de políticos, empresários, bancos e operadores de capitais brastempiados.

Lá fora Gorbatchovs e Raísas, perestoikamente, viravam tudo de cabeça pra baixo desencadeando movimentos globais fazendo pó e pedrinhas de souvernis até muros que separavam alemanhas. Eita, tempão, sô!

A Guerra Fria e uniões soviéticas foram pro saco e da primeira sobraram os inventos. A Guerra nas Estrelas legou o avanço tecnológico que rolava no sideral: telefonia celular, forno de micro-ondas, porrada de trecos que desaguou na infovia.

Ah, sim, o Brasil...

Colloriu em noventa. Mataram o operador, farias. O primeiro impetiimento. Ah, aquele narizinho em pé deixando o Alvorada! Na camiseta das caminhadas matinais do segundo jânio uma inesquecível frase: “O tempo é o senhor da razão.”.

O vice-coitado assumiu com topete e bailes de carnaval com as meninas em pelos. Quem se lembrar do nome dela ganha uma bala chita. O nome dele todo mundo lembra, era franco. Pôs de ministro da grana um tal de Henrique almofadinha, mais tarde, presidente coxinha, e inventaram o real depois de 15 anos de 11 moedas e quinze fórmulas para medir a inflação.

E tome roubalheira, com a facção criminosa medebista alternando-se no poder desde quando Sarney maribondoava-se no plano alto.

Aí veio a mais dramática de todas as ilusões de um povo. Num gosto nem de lembrar porque também adoeci. Gente dando as mãos abraçando quarteirões inteiros porque a esperança venceria o medo.

Lulla lá.

Bolha de consumo construída por ardis de burocratas irresponsáveis, benevolência fiscal favorecendo conglomerados globais que exportavam todo o excedente de capital extraído de resultados de um mercado consumidor comprando em zil prestações carros, casas, geladeiras, os cambau.

A mágica mandraiquiana durou oito anos e pôs “o cara” com 80% de aprovação popular.

Só que, nos porões, sangravam bilhões e amplificava a metástase.

A bolha explodiu, claro, e caiu no colo daquela que iria estocar vento e dobrar a meta. Durou um desmandato e meio, a trama da corriola botou a infeliz senhora para correr.

Adeus, querida!

Quem assume? A sanguessuga mor, vampiro histórico, líder da maioria de todas as falcatruas. Hábil, literata do absurdo, gangster.

A sobra é o nada. Ruiu tudo e nada ficou no lugar. O Brasil perdeu até a sua lógica, seu rumo, sua dignidade.

Nada melhor do que um oportunista transloucado e messiânico. Bora com ele, na falta de qualquer um, vamo com esse mesmo. Tá de tal jeito que num tem jeito de ficar de outro jeito que seja jeito de pior jeito que o próprio jeito.

Hoje, messias, atravessa a rua de um poder ao outro e leva soluções ao dano: armar os cidadãos, acabar com o horário de verão e não responsabilizar aqueles que não levam suas crianças em cadeirinhas. Ah, sim, me esqueci: imprevidenciar o futuro.

Haja saco!



Até breve, se é que eu volto.

2 comentários:

  1. Querido Agulhô, vivi todo esse período que você aborda. Claro, na primeira parte eu ainda era criança, mas fui um ativista assim mesmo: ao escurecer, corria de volta para casa (coisa de uns vinte ou trinta metros), deixando pra trás a Telefunken da casa de meus avós, onde ia assistir aos episógios de Rim Tim Tim, Patrulheiro Rodoviário, Bonanza e por aí vai. Corria de volta em obediência aos conselhos de meu pai: "volta correndo antes de escurecer, senão comunista te come". No restante do período fui atuante pra valer, ou no mínimo espectador de espetáculos como a vista de baixo para cima da "garota" Lilian e seus pelos pubianos à mostra, ao lado do francamente presidente da república. Seu artigo merece uma melodia "a La Cazuza". Volte sim, e escreva mais e mais. Precisamos avançar e nada melhor do que boas críticas para acordar a turma. Abraço.

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    1. Pois é, Julim. No lugar do Capitão podiamos colocar o Cabo Hust e seu cachorro Rim Tim Tim, né mesmo? Tô te devendo uma bala chita, meu amigo. Beijo nocês tudo daí.

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