quarta-feira, 11 de maio de 2016

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Dia para se guardar na memória. Dia para se lamentar.

Vivemos processo que poderá encontrar compreensão ao longo de pouco mais de cinco anos. O dia de hoje resulta em algo que explode em junho de 2013 e que, provavelmente, encontrará ápice em outubro de 2018.

Em junho de 2013 o povo foi para as ruas empurrado por uma demanda específica (o preço das passagens de ônibus) que alcançou eco e o transportou por um leque variado de outras demandas. Entre estas o fim da corrupção e a reforma política.

No post ALVO de 13 de junho de 2013, escrevi: “O esgotamento é de Modelo. Se nos prendermos à essência e ao conjunto dos fatos, aqui e fora daqui, o que observamos é a falência de algo muito maior e que nos sufoca. Nós construímos um tempo de trevas envolto em celofane de cores púrpuras”.

Dali em diante não fomos os mesmos. O país começa a ter interesse maior por si próprio. Não são as novelas, o carnaval, o futebol, os BBBs, as Olímpiadas que preenchem as páginas das redes sociais.

O país se propõe a ser outro.

Em inúmeras oportunidades país a fora as manifestações populares empurram as suas demandas e surgem as condições para que as suas ânsias comecem a ser atendidas. Centenas de pessoas, antes invulneráveis e inimputáveis, são presas, julgadas e condenadas.

O país constrói seus heróis pela justiça, pessoas, ainda que com brilhantismo e coragem, apenas cumprem com suas obrigações e deveres.

Em 2014 o país se divide entre aqueles que negam mais do que afirmam. Voto em Aécio por que não voto em Lula/Dilma. Voto em Dilma por que não voto em Aécio. Nossa tragédia ainda era e continua sendo a ausência de líderes legítimos que nos fazem colocar todas as nossas esperanças.

Talvez por esta razão o resultado das urnas não se consolida. E a sequência de equívocos empreendida pela eleita, somada a avalanche de denúncias e prisões de corruptores e corrompidos, implica em cartazes de FORA e BASTA.

O povo quer todos FORA. As manifestações são conduzidas por entidades à margem dos partidos instituídos e não contemplam, para não dizer que não permitem, a presença e os discursos de políticos de qualquer matiz.

O país começa a se passar a limpo, tendo como ícone a Operação Lavajato, que se assemelha àquela italiana dos idos de 70, Mãos Limpas.

Não há infecção sem febre. As paixões se exacerbam, as páginas dos noticiários e das redes sociais ocupam mais espaço do que outros males e mazelas nacionais. Os homicídios perdem espaço e também os vírus. Nem a maior tragédia natural da história nacional permanece à tona.

O país privilegia a política. TVs de shopping, de bares e restaurantes, prendem espectadores de todas as classes sociais em sessões plenárias das câmaras, das cortes, dos debates em jornais televisivos.

A audiência é pelo país.

No dia de hoje o que se coloca fora não é a governante e nem o PT, apenas. Sobretudo o que se coloca fora é um país anterior a 2013, cujo povo permitiu e cumpliciou com algozes, vis, incompetentes, nefastos governantes e abomináveis empresários.

Para lamentar o dia de hoje são os nossos milhões de brasileiros que foram traídos no seu projeto de construção de um país mais justo socialmente, íntegro e próspero. Pessoas de ilibada conduta, brilhantes intelectuais e artistas, sindicalistas autênticos, líderes de movimentos sociais, pessoas portadoras das melhores intenções, todas elas usadas em um projeto conduzido por notórios gangsteres.

Muito ainda nos surpreenderá os próximos acontecimentos. Minha esperança ativa é de que sigamos de forma pacífica e rigorosamente dentro dos ditames da Lei.



Até breve.

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