segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

RECAÍDA




De fato eu não deveria, até porque havia prometido a mim mesmo não mais fazê-lo. Abordar - ou será abortar? - assuntos relacionados à puslítica.

Ocorre, porém, que em férias breves, andei zapeando a rede e me dando conta do debate que se trava.

Há aí um episódio agendado para o dia 24, entendido como um divisor de éguas, ops... De águas.

Na superfície de idiota, que me permito, o que vejo é uma tese da defesa do acusado fundada na premissa de que não há provas materiais que atestem a veracidade das acusações que recaem sobre o réu.

O tríplex não foi adquirido pelo acusado com recursos desviados da Petrobras. Não há nenhum cheque da Petrobras em nome do acusado que tenha sido depositado na conta da construtora com vinculação no verso de que se tratava da aquisição do investigado apartamento pelo citado na denúncia. Portanto, nada pode ser provado.

O que existem, de fato, são devaneios de testemunhas prenhadas por interesses escusos que declararam terem visto algumas vezes a ex do acusado visitando as obras; documento com rasuras pós operação lava jato da recusa de compra do tríplex; e, declarações em juízo do presidente da construtora (um desqualificado) que confirmou a reserva e as inúmeras obras realizadas no imóvel para adequar às necessidades do futuro ilustre morador. Enfim, nada que consubstancie (acho que seja este o termo jurídico) prova de que a construtora e o acusado se locupletaram em negociatas com fontes petrolíferas ou pré-salgadas.

Em paralelo, no debate, corre outro candidato que, pesquisas dão conta, será o opositor mais provável do acusado preso, solto ou em embargos declaratórios deflorentes. O opositor é considerado Mico, ops... Mito.

Assim, 2018 abre aurora alvissareira na puslítica. Tudo da mesma forma que sempre foi para mudar tudo e continuar exatamente como tudo sempre continuará.

E por quê?

Aqui preciso ser sério. Cinquenta anos de vida empresarial, 20 como assistente  e executivo, 10 como professor nas três escolas mais distintas de negócios do país e 20 como consultor e conselheiro em empresas de médio e grande porte credenciam-me para uma crítica ácida.

Este país perdeu o jato da História. E perdeu porque não tem classe empresarial a altura do conjunto de oportunidades que se abriram e ainda existem para ocupar o espaço imenso de desenvolvimento na cena internacional.

Nossas lideranças empresariais são pífias, muitas delas incapazes de gerirem os seus próprios negócios, quanto mais para buscarem estatura de estadistas econômico-sociais.

A ausência absoluta e generalizada de uma força transformadora da economia encabeçada por instituições empresariais sérias e resolutas que forcem os governantes a uma conduta que afinal coloque o país nos trilhos é, em minha opinião, o nosso maior drama.

Muito maior que aquele que se trava na rede e que já sabemos o desfecho. Vencerá a maioria inculta, inocentemente útil e carente. E de forma democrática, o que faz ainda mais lamentável a ópera bufa.

Aprofundaremos o modelo híbrido constituído por um arremedo de capitalismo chofre conjugado com administração pública (em todas as esferas institucionais e de todos os poderes) infestada por uma competentíssima rede de gangsteres.


Triste sina.

Até breve.

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